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Eventos Traumáticos, TEPT, TEPT complexo e 'Developmental trauma'

  • Foto do escritor: Dayane de Andrade
    Dayane de Andrade
  • 25 de mar. de 2024
  • 2 min de leitura


Exposição a eventos traumáticos e perdas é experiência comum segundo a organização mundial de saúde. Cerca de 10 % da população mundial em algum momento na vida sofre situação de violência de outra pessoa, acidente, exposição a guerras ou a desastres naturais.


No Brasil, infelizmente, tem sido comum situações assim. Na última semana ocorreram temporais no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul que afetaram centenas de pessoas.

Segundo a Confederação Nacional de Municípios na última década 93% dos munícipios brasileiros passaram por desastres naturais. Segundo o Atlas da Violência de 2023 a violência é a maior causa de morte entre jovens de 15 a 24 anos.


Em situações traumáticas o sistema de ‘alarme’ do organismo é ativado (hipotalamo,hipófise, adrenal), com a resposta de ‘luta, fuga ou congelamento’ e a captação e guarda das memórias traumáticas pode ser prejudicado, fragmentado. Quando há problemas para lidar com situações traumáticas podem ocorrer o transtorno do estresse pós traumático, o transtorno do estresse pós traumático complexo e o 'trauma no desenvolvimento'.


Uma parte dessas pessoas pode desenvolver experiências de revivência dos eventos traumáticos, hipervigilância, sentimentos negativos quanto ao futuro e evitação de estímulos que lembrem a situação vivenciada.


Além disso, algumas pessoas com vivências traumáticas repetidas podem ainda apresentar dificuldades para regular as emoções, para se relacionar consigo (sentimentos de ser uma falha e de baixa auto estima) e para se relacionar com as outras pessoas (dificuldades para relacionamentos íntimos). 


Em crianças em desenvolvimento há pesquisas que apontam um impacto singular e pervasivo causado por situações traumáticas chamado ‘trauma no desenvolvimento’. 


Crianças vivem estados persistentes de medo e terror quando são expostas a traumas repetidos ao longo do desenvolvimento. Estes são intensificados quando não há um vínculo com um cuidador. Essas vivências podem resultar em alterações neuro estruturais e percepções futuras negativas de si, das pessoas e do mundo, generalizadas, já que não há ainda recursos cognitivos e psicológicos para lidar com estresse prolongado.


Essas crianças podem se tornar sensíveis a responder com evitação, raiva, frustração, medo e ansiedade aos mais diversos estímulos, perigosos ou não ou há responder de forma evitativa e com isolamento afetivo. 


No ‘trauma no desenvolvimento’ pode haver ainda: desregulação emocional (dificuldade de lidar com frustrações, embotamento afetivo, raiva), alterações comportamentais (rotina inflexível, comportamentos de autolesão, impulsividade), dificuldades cognitivas (desatenção, prejuízo na solução de problemas) e problemas de processamento sensorial (sensibilidade ao toque) e de reconhecer os limites do próprio corpo.

Essas dificuldades podem persistir na adolescência e na vida adulta.


Lidar com dificuldades por situações traumáticas vivenciadas pode envolver psicoterapia ou tratamento com medicamentos a depender do caso. 



Referências:


Danos e prejuízos causados por desastres no Brasil entre 2013 a 2023 Confederação Nacional de Municípios


Cruz D, Lichten M, Berg K, George P. Developmental trauma: Conceptual framework, associated risks and comorbidities, and evaluation and treatment. Front Psychiatry. 2022


Maercker A, Cloitre M, Bachem R, Schlumpf YR, Khoury B, Hitchcock C, Bohus M. Complex post-traumatic stress disorder. Lancet. 2022.


 
 
 

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